Eu acho que foi em algum conto da Márcia Denser que uma vez eu li: "eu sou uma mulher entremeada". Eu não vou fuçar a fonte agora porque meus livros - faz uns 4 meses - estão encaixotados na desordem do meu tempo. Os textos, nesse sentido, estão como a minha vida, na divisão de uma reta traçada entre o Rio e a Bahia. Quando estou no Rio, como agora, sinto já saudade da minha casa a nascer: da louça do dia-a-dia, da visão do céu na outra cidade e dos rostos que começo a saber como os escolhidos e os preferidos de se ver. Quanto estou na Bahia, meu amor é via skype porque é distante tudo e pareço sentir apenas uma grande falta: acho que são os olhos da afeição e do lugar seguro querendo porto, ou mar. A minha subjetividade sagitariana sabe que, afinal, não há lugar certo e que a aposta na Bahia é de força, mas eu seria leviana se negligenciasse também o meu desejo de conforto e de congregação. Semana que vem eu volto pra Amargosa e vou reunir as meninas todas pra uma feijoada ou pra um almoço. Porque quero repartir com elas essa minha divisão entremeada. Quero convidá-las para a cozinha que é o mote para a quentura dos afetos. Quero reunir à mesa e que a mesa esteja rodeada de gente forte e líquida. Porque Amargosa - isso me apascenta o coração - é uma cidade feminina.