Divórcio
Monica Costa Netto
Demora na serpente do adeus
uma saudade constrita do que não foi
céu
coberto por folhas
o rastejante recordar se agita
com sua fome comprida
varrendo o chão da alma
esquece
o sopro desconhecido
entre as palmeiras de dendê
não grita como as jandaias
morre calado nos coquinhos
no parque sem cobras
a corda enroscada no pescoço do dia
dificulta o trabalho do carrasco
com o machado
castigo
o corpo-árvore se desloca acéfalo
corre
esperando descobrir
no vento que lhe corta a face
o espírito do encontro
sem lugar
passa
promessa errante
dos tempos em que partem
viajantes anfíbios
os peixes-pássaros da existência
para colonizar sonhos futuros
do que nunca seremos
sim