sexta-feira, 10 de julho de 2009

Introdução à arte das montanhas


Um animal passeia nas montanhas.
Arranha a cara nos espinhos do mato, perde o fôlego
mas não desiste de chegar ao ponto mais alto.
De tanto andar fazendo esforço se torna
um organismo em movimento reagindo a passadas,
e só. Não sente fome nem saudade nem sede,
confia apenas nos instintos que o destino conduz.
Puxado sempre para cima, o animal é um ímã,
numa escala de formiga, que as montanhas atraem.
Conhece alguma liberdade, quando chega ao cume.
Sente-se disperso entre as nuvesn,
acha que reconheceu os seus limites. Mas não sabe,
ainda, que agora tem de aprender a descer.

Leonardo Fróes. Argumentos Invisíveis.

4 comentários:

  1. Nossa, que poema f... fantástico.
    Leonardo Fróes. O conheci através do Germina. Agora o revisito aqui. Belo espaço.

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  2. Voltei após um belíssimo passeio pelo blog. Voltei com uma sugestão de leitura, embora você tenha um leque enorme, faço um indicação nacional, de um nome já bem batido, cujo livro mais recente é delicioso, um apanhado de trechos de CLARICE LISPECTOR: "A descoberta do mundo". Um abraço.

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  3. Tatiana, sou de Floripa/SC.

    Tem onus e bônus:
    aqui é tudo lindo;
    aí há muito mais
    eventos culturais.

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