segunda-feira, 24 de agosto de 2009

é a mesma coisa. o mesmo sal, o mesmo furacão, a mesma torrente aparentemente estapafúrdia, não importa o que eu faça. não importa que eu amadureça, que eu medite, faça yoga, terapia duas vezes por semana, caminhe 60 minutos diários, coma rúcula, que eu emagreça, que eu engorde, que eu esteja aqui, que eu esteja na patagônia, que eu esteja sozinha, que eu esteja acompanhada, que seja inverno ou verão, o que realmente acontece independe desses financiamentos baratos da cura que me vendem desde muito. é rápido, preciso, e quando dou por mim já estou soterrada por toneladas de água, como a catedral de ys, aos dois minutos e meio do famoso prelúdio do debussy ou na décima terceira repetição de alguma música que fala para mim algo secreto do qual eu compartilho. não há para quem ligar nessa altura porque não há o que dizer. pior: tudo vem de uma palavra maldita, de um olhar esquerdio, de um tom de voz mal colocado, de uma cena simples no ponto de ônibus, de um cheiro que me remeta a uma memória incurada ou ao fundo musical da vida. quando isso acontece - e acontece tanto, meu deus, há tanto tempo - eu ainda me vejo com o mesmo vestido branco com flor azul-marinho numa esquina de vento forte, rodando, rodando e concluindo que a única coisa a fazer é esperar parar de ventar porque não era mais possível andar contrariamente ao que fosse naturalmente tão mais forte que eu. assim, a aprendizagem da paciência é lenta feito sua matéria, o tempo. aguardo com carinho agora que a neurologia me permite respirar. espero que dessa vez o espaço para o próximo afogamento seja largo e, nessa extensão, um lume novo surja e me admoeste por estar tentando cumprir com delicadeza, apesar de, a responsabilidade de estar viva.

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