quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

6.

quando o poema, a música se esvai do metal
e nada resta na parede, no linóleo, no veludo
da cadeira, quando o teatro se evapora, sequentes
edifícios se fazem e se estiolam, quando o poema,
a música se esvai da carne e nada resta
da emoção, da febre, do céu por um milionésimo
de tempo surpreendido, quando tudo se fecha
e o real é a eterna imagem agarrada ao eterno
espaço, sem janela alguma além da própria janela
escancarada sobre si mesma, eterna paisagem aferrada
ao eterníssimo espelho, quando nem a memória
do poema, da música, do amor desatinado
de infinito, quando tudo é mais que efêmero,
rápido e definitivo, solidão, quem se ergue afinal
na guelra ensangüentada, na ácida lâmpada deste metal?

Afonso Henriques Neto. de Avenida Eros.

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